E Agora?
Após meses de espera e indefinição, ocorreu no dia 31 de agosto passado, o impeachment da Presidente Dilma Roussef.
O fato traz/trouxe danos severos ao País – afinal, numa democracia jovem como a Brasileira, ter dois dos seus quatro últimos Presidentes eleitos afastados, fragiliza a Nação. Demonstra ainda rombos enormes no nosso sistema político. Por outra via, a demora, indefinição e a falta de perspectiva e cenários concretos sangrou demais todo País. A continuidade do governo doente, ou a mudança para um governo de transição – sem a legitimidade do voto – eram as duas possíveis saídas. Quaisquer dos dois males já eram ruins. Mas pior ainda foi ficar à sorte dos acontecimentos. Como um paciente agonizando numa UTI, a espera de um tratamento.
O Impeachment não é remédio que cura a causa. Mas sim o efeito. Um remédio amargo. E de efetividade duvidosa. O mesmo veio fortemente catapultado por uma grave crise econômica. E de desconfiança dos mercados.
Nos últimos anos tivemos uma profunda deterioração sócio econômica causada por um sem número de situações. Corrupção, benesses legislativas, populismo e assistencialismo exacerbado, projetos de poder de grupos que geriam o País, cofres públicos sendo utilizados como moedas de troca em nosso Parlamento, onde a liberação de emendas custosas, e muitas vezes desnecessárias, alimentavam os votos de congressistas em prol do governo. Tudo feito para a tentativa forçosa da manutenção do poder a qualquer custo. Tivemos o ápice na eleição de 2014. O paciente foi maquiado, e uma enorme cortina de fumaça foi colocada a sua frente para enganar aqueles que achavam que sua saúde estava a pleno vapor. A verdade cruel veio à tona logo após, com a revelação dos números que seguiram. PIB em queda vertiginosa. Taxas de desemprego em aumento galopante. Convulsão social e violência urbana, como não se via há muito tempo.
Esta é a herança que fica para o atual Presidente Michel Temer.
Parece-me que o início do dever de casa foi feito. A equipe econômica foi magistralmente escolhida – capitaneada pelo competente Henrique Meirelles, que conduziu com mão de ferro seus anos como Presidente do Banco Central. Um homem de mercado e para o mercado. Alguém que fala a língua dos Bancos e das instituições financeiras – que, tristemente, são quem dão o tom para a confiabilidade econômica de um País. Realidade perniciosa. Mas a realidade.
Porém, operar um paciente complexo como o Brasil, requer mais do que uma única intervenção. Seguramente faz necessário o uso de uma cesta enorme de tratamentos, instrumentos e remédios. Muitos deles experimentais. Todos devendo ser bem equilibrados. Sob pena da dose errada, não curar, mas matar.
Sem o Parlamento, não serão possíveis a aplicação de diversos “tratamentos”. Reformas política, tributárias, trabalhista, fiscal e previdenciária.
A esperança jaz em nosso novo Presidente. Caso ele realmente esteja imbuído em deixar seu nome na história, como aquele que quebrou uma série de paradigmas – deixando de lado seu ego, e expectativas pessoais, teremos uma pequena chance. Sua vasta experiência no Congresso e suas armadilhas, o credenciam como alguém muito preparado para lidar com todo sistema.
Se ele realmente abraçar a causa do Brasil, e não sua causa pessoal ou de seu grupo politico, poderá, sim, entrar para a história.
O tempo dirá quão grandioso (ou pequeno) será Michel Temer. E se merecerá nosso reconhecimento e aplausos. Ou se será mais um dos tantos engolidos por nosso Leviatã.
E agora Presidente?
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