Segundo trimestre bate recorde de fusões e aquisições

Segundo trimestre bate recorde de fusões e aquisições
 
O mercado brasileiro pode apresentar número recorde de fusões e aquisições neste ano, se mantiver o ritmo de transações apresentado no primeiro semestre do ano. No segundo trimestre, e nos últimos 12 meses, até junho, houve número recorde de negócios, segundo levantamento da KPMG. A corrida eleitoral, com o cenário político ainda nebuloso, pode trazer alguma desaceleração ao ritmo das transações. Fontes que atuam nesse mercado dizem, conforme o jornal Valor informa hoje, que o ambiente dos negócios esfriou, mas também observam que se a disputa presidencial ganhar contornos mais claros, ele volta a esquentar – e com força – ainda neste ano.
 
Estudo da KPMG mostra que, nos primeiros seis meses do ano, foram fechadas 461 operações, ante 385 no primeiro semestre de 2017, o que representou um aumento de 19,7%. O crescimento foi impulsionado principalmente por empresas de internet e tecnologia. “O segundo trimestre teve o maior número de transações desde 1994, quando a pesquisa começou. Em 12 meses até junho, também houve recorde, com 906 transações. Muito provavelmente 2018 terá um número recorde de operações”, afirmou Luis Motta, analista e coordenador da pesquisa e sócio da KPMG. No ano passado, foram fechadas 830 operações no país, com crescimento de 12,2% em relação a 2016. Motta, assim como outros especialistas do setor financeiro, considera que pode haver uma redução no ritmo do fechamento das transações, em função do período eleitoral.
 
“Pode haver alguma retenção nas fusões e aquisições, mas o cenário político não é tão imprevisível assim. A situação não é tão difícil como em 2015, quando houve o impeachment”, disse Motta. O executivo acrescentou que o país apresenta neste ano crescimento econômico, ainda que pequeno, inflação e juros baixos e moeda depreciada em relação ao dólar. Esses fatores tornam os ativos brasileiros mais atrativos em preço e potencial de crescimento futuro.
 
Motta observou que houve um forte avanço no número de transações com empresas de internet e de tecnologia da informação. No primeiro semestre, segundo a pesquisa da KPMG, foram fechadas 73 transações com empresas de internet, ante 48 no mesmo período de 2017, avanço de 52,1%. Fusões e aquisições com empresas de tecnologia somaram 55 operações no semestre, ante 47 no ano passado, uma alta de 17,0%. “A procura cresce principalmente por empresas que desenvolveram negócios inovadores, seja com serviços on-line ou aplicativos”, disse Motta. Entre as operações fechadas no primeiro semestre estão a compra da startup brasileira Decora, especializada na criação de cenários de decoração em 3D, pela americana CreativeDrive, por US$ 100 milhões. A Linx comprou a DCG Soluções, dona do sistema de comércio eletrônico EZ Commerce, por R$ 67 milhões. A Linx também adquiriu a Único Sistemas e Consultoria por R$ 16 milhões, e a Itecgyn, de softwares para farmácias, por R$ 16,4 milhões.
 
A gestora de investimentos americana FTV Capital adquiriu participação na fintech brasileira EBanx, especializada em processos de pagamentos, por US$ 30 milhões. A VentureCity, o International Finance Corporation (IFC, braço de investimentos do Banco Mundial) e a Ventech adquiriram parte do capital da plataforma RecargaPay, por US$ 22 milhões. As gestoras de investimento Propel Ventures, Monashees, Quona Capital, Omidyar Network, Tera e Yellow Ventures, adquiriram participação no banco digital Banco Neon, por US$ 22 milhões.
 
Motta observou que as transações de internet e tecnologia envolveram não apenas grupos de investimentos, mas também varejistas e empresas de internet. “A expectativa é que esse movimento continue forte nos próximos meses, devido à alta procura por esse tipo de empresas”, disse.
 
A KPMG não possui um balanço do valor total envolvido nas fusões e aquisições, porque boa parte das operações tem o valor mantido em sigilo pelas empresas. Motta observou, no entanto, que no Brasil, as operações com empresas de internet e tecnologia, geralmente têm valores mais baixos do que as transações em setores mais tradicionais, como siderurgia, petróleo e gás, papel e celulose.
 
Ainda de acordo com a pesquisa da KPMG, no primeiro semestre, houve aumento da procura por fusões e aquisições de empresas brasileiras e também de grupos estrangeiros. As operações feitas por empresas brasileiras somaram 267 operações, ante 169 no primeiro semestre de 2017, aumento de 58%. As operações feitas por empresas estrangeiras somaram 194 transações, ante 175 um ano antes, crescimento de 10,9%.
 
Fonte: Valor

 

 

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